sábado, 26 de março de 2011

Mas não conseguia



Uma menina, quieta, tímida, sem sal. Estudava, não tinha muitos amigos, ficava no computador conversando com os poucos que tinha. As pessoas diziam para os pais daquela menina que queriam que seus filhos fossem educados como ela.

Uma menina, impulsiva, cheia de ideias, porém carente. Tinha todos os amigos que precisava. Sonhava, porem seus sonhos pareciam sempre deixar alguém desapontado, por isso dava o máximo de si para agradar de outros modos. Estudava, porém nunca era o bastante, nota 9 não significava o máximo, e por isso sempre desapontava seus pais. E novamente partia para alguma outra de tentar agrada-los
       
         Uma menina um vulcão de emoções e de coisas a dizer. Mas não conseguia. Com uma dúzia de pessoas a abraçar e falar o quanto elas realmente importavam, e tantas outras pra mostrar o dedo médio e falar pra parar de ser tão filho da puta, na falta de uma palavra melhor. Mas não conseguia. Menina que cansara de viver sua vida nos moldes da felicidade dos outros. Mas não conseguia desapontar os outros. Menina essa que se expressasse tudo o que sentia não seria objeto de desejo entre os pais.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Eterno enquanto durar. Ou em nossa mente.



                   
                    Ele estava deitado. Fingindo concentração em alguma coisa que na verdade não tinha tanta importância. Fingia que não ouvia nada - quisera ele que não ouvisse mesmo. Barulho de coisas se quebrando muito bem abafado pelo barulho dos gritos.
                   
                    É, aquilo de fato estava piorando. Se um dia ele se casasse não queria ter que chegar a aquele ponto.
                   
                    Se um dia tivesse que viver com alguém com quem tivesse que se justificar todo o tempo, tivesse que se fazer de cego e passasse mais tempo discutindo do que acariciando e sussurrando palavras de amor preferia ficar sozinho.
                   
                    Encarou isso. Pois o amor nunca foi nem será para sempre. Juras de amor eterno são em vão, pois as pessoas mudam e assim elas adaptam o exterior a essas suas mudanças.
             Então que pelo menos meu amor seja eterno enquanto dure. E quando não for mais assim que eu siga em frente.

...
                   
                    No outro dia logo após um almoço silenciosos seus pais lhe contaram a noticia. Iam se separar.
                   
                    Nesse momento o jovem desejou que tudo voltasse como era antes. Seus almoços de domingo, suas noites de pizza e filmes...
                   
                    Só assim entendeu que o verdadeiro amor não é tão simples. Mesmo depois que morre não nos esquecemos de quando o tínhamos. E as vezes continuamos juntos só por medo de esquece-lo.

sábado, 19 de março de 2011

Os hospitais tem geradores



             Sim, geradores. Eles os tem pois as pessoas não podem morrer simplesmente por que os aparelhos se desligaram.

             Mas algumas morrem na porta do hospital pois não tem dinheiro para paga-lo.            
            
             E é esse o mundo que vivemos.

sábado, 12 de março de 2011

Noção de sobrevivência importante

           

         As pessoas. Seres complexos ao extremo. Uma hora estão felizes e te querem mais que bem. Na outra você já não é mais nada para elas.

E aquela pessoa, para qual você tinha mais expectativas te decepciona brutalmente. E seu coração se corrói por dentro, grita desesperada mente por ajuda.

Porem é um grito mudo.

Você o esconde por traz de um sorriso sem graça e se vê consolando os outros, diz que está tudo bem e que no fundo a pessoa não importava tanto assim.

Mas no fundo você não consegue parar de se perguntar, por que essas pessoas entraram na minha vida se era pra elas me decepcionarem tanto assim?

O segredo é não esperamos mais nada de ninguém. Não sei se eu aguentaria mais alguma decepção desse tipo.

O Pingo, parte III



            Essa é a terceira parte de uma história (dã), e pra quem não leu nem a primeira (http://launogueira.blogspot.com/2011/01/o-pingo-parte-i.html) nem a segunda (http://launogueira.blogspot.com/2011/02/o-pingo-parte-ii.html) parte eu recomendo ler, sabe como é, pra entender melhor a história.
           
            Então vamos ao que interessa. Ou não:

Pingo parte III
 
Rolou e rolou e chegou no seu trabalho. Não era bem aquele sentimento que ele esperava. Estavam todos andando rapidamente, como que se não o fizessem as consequências seriam gravíssimas. Outros parados, ou melhor, não se movimentando digitavam avidamente e seus glóbulos oculares se movimentavam rapidamente também. Todos com pressa.

Por vezes algum pingo olhava-o - rapidamente é claro - mas era um olhar com enorme significado. Desprezo, era esses o sentimento presente nos olhares. E esse desprezo o acertava como uma facada. Era como se estivesse morrendo aos poucos.

Virou as costas e saiu correndo talvez mais rapidamente que esses robôs para fora da empresa. Em seu pensamento, é claro. Teria que suportar aquilo, com o tempo se acostumaria. Ele esperava.

- O que você ainda está fazendo ai parado? - disse um outro pingo com pressa. Porém esse novo pingo não tinha um olhar de desprezo. Na verdade tinha um olhar vazio, mas o pinguinho não se importou, estava feliz por receber um olhar com a expressão diferente - por acaso você é o novo pingo que veio trabalhar aqui?

-É, hoje é o meu primeiro dia sim.

- Então venha comigo, vou te apresentar o seu local de trabalho. - depois de andarem mais um pouco, dessa vez sem olhares de desprezo pois o pingo já havia se "enquadrado" por estar também estar com pressa - É aqui. No computador 808. Não se incomode se as pessoas começarem a te chamar assim. É que aqui tem tantas pessoas que acabamos chamando-as por números, é mais fácil assim.

Ficou sentado o dia inteiro lá trabalhando. Escreveu alguns artigos sobre papel-higiênico, o que não era bem o que ele tinha em mente, mas era um começo. Foi chamado a sala do comandante daquele setor, mas somente para levar cafezinhos. Nenhum trabalho reconhecido, por enquanto.

Enquanto o nosso pingo refletia sobre a quantidade de camadas adequada para o papel-higiênico, não viu o tempo passar. Quando olhou pra cima realizado por ter terminado o trabalho - que em sua opinião havia ficado muito bom - percebeu que não havia mas ninguém lá.

Achou aquilo totalmente estranho. Afinal as pessoas não costumavam sair depois do trabalho, quando entrava alguém novo, para comemorar uma possível nova amizade? Pelo menos era aquilo que sua mãe costumava lhe contar.



A primeira dica pra quem não entendeu tudo o que eu tenho a dizer é se esforcem. Pois essa dica na verdade é quase que a resposta. É só interpretar o que eu escrevi.
Próxima dica é: Pensem no formato do um pingo dentro de um copo d’água. Agora dentro de uma bolha.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Emocionalmente perto do que é fisicamente distante

"Sinto sua falta terrivelmente" ou "Sinto terrivelmente a sua falta"
           
            A distancia não existe. Ela é uma mera invenção da nossa mente, pois hoje em dia a tecnologia é nossa aliada, e ela nos aproxima quer estivermos com um oceano entre nós ou apenas algumas cidades.

            Em parte isso é verdade. Alguém a quem você só conhece de vista não se faz importante o bastante para que nos faça sentir falta.
           
            Só conversar é o bastante. Mas com o tempo a conversa vai se tornando mais intensiva, até que ambos se percam em um mar de risadas que no fundo fazem todo o sentido. Ou em outros casos só o silêncio basta. Poucas palavras, muito escolhidas, um sabendo que o outro espera avidamente a resposta, mesmo que seja um XD

            E então é a partir daí que surge a saudades. E aflitamente se percebe que se sente falta da voz, do rosto da outra pessoa. Embora muitas vezes não se lembre exatamente como eram. Porém por outras vezes se lembram das lágrimas, dos abraços, das músicas até mesmo do jeito que a pessoa - fisicamente longe de você - costumava jogar o cabelo para traz.
           
            E então conversar com essas pessoas se torna insuportável. Um mar de saudades, a falta enorme que a pessoa te faz no dia a dia e você só se perde em pensamentos sobre tudo o que daria para ter um abraço deste, mais que um amigo, um irmão.
           
            Mas ao mesmo passo que não falar com essa pessoa também é insuportável. Quando não está falando com ela só consegue imaginar sobre o que estariam falando. A toda hora que vê algo sente vontade de correr para o computador para conta-lo. Cada pequena coisa faz com que se lembre dela. Alguém com o queixo um pouco mais quadrado, ou com o cabelo bem preto e repicado. Mesmo que vagamente, nos fazem lembrar destes amigos.
           
            Parece impossível e injusto que duas pessoas emocionalmente tão próximas possam estar fisicamente tão separadas.
           
            E todo o dia antes de dormir, tentamos lembrar-nos do rosto dessas pessoas que estão longe. A cada dia esquecendo mais um pouco. A cada dia desejando um pouco mais o ver novamente.