quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma pena, talvez pudessemos ser felizes juntos.

     
        "Será que ter vindo foi uma boa escolha?" foi o que ela se perguntou durante todo o caminho. Claro que o parque não fora uma boa escolha, pois lá era o lugar deles. Ou pelo menos é o que ela pensava em épocas anteriores.
      
         "Tudo bem, nos sempre fomos só amigos, não há motivos para ser diferente agora." Ela sabia que não era bem assim, mas tentava reconfortar-se desse modo.
      
         E ele estava lá sentado, olhando fixamente para o chão, como se no momento essa fosse uma das razões de sua existência. E talvez fosse.
        
         - Então se você quiser você pode chegar no horário. - ela disse. Talvez um pouco maldoso da parte dela, mas ela não se importava, ele sempre a havia feito esperar, e já era demasiado.
         
         - Desculpa. - dava pra ver no seu olhar ele realmente estava envergonhado. Ela teve uma leve satisfação, que controlou. Mais tarde se perguntou se esse seria o mesmo sentimento que o fazia dar um sorriso macabro no passado.
      
         Ela se sentou. Eles conversaram, ele evitava levantar os olhos para olhar nos dela. Mas quando o fazia ela examinava os dele. E reconhecia aquele sentimento. O de desespero, desespero que o assunto acabasse e do que tinha para dizer quando o mesmo acontecesse.
       
         E ela estava se reconhecendo em todas as ações dele, e começou a sentir certa pena. Passou um tempo pensando no que deveria fazer com essa pena, e quando percebeu o assunto já havia terminado.
        
         Então era ela que agora desesperava-se para que o assunto não acabasse, não queria ouvir, não queria falar. Queria que alguém apertasse o botão de mudo no mundo, e que assim permanecesse. Mas percebeu que já era tarde pois ele engoliu em seco, com certeza se preparando para o que tinha a dizer.
        
         - Eu te amo. - ele disse, agora olhando para o chão mais do que nunca. Eles ficaram em silencio por um tempo. Então ele olhou para ela.
        
         - Eu sei. - foi o que ela conseguiu falar. Os olhos dele se encheram de lágrimas. Ele sabia o que estava por vir. - E sabe o que é o mais engraçado de tudo isso? - conforme ela ia falando algumas lágrimas escoriam pela face dele. Embora ele estivesse lutando fortemente conta isso - Essa é a típica história de "não me deu valor enquanto eu te amava. Só depois de ter me perdido." Uma pena. Nos podíamos ter sido felizes.
        
         E com essas palavras ela se levantou e foi embora. Enquanto ele permaneceu sentado lá durante alguns minutos com o olhar vazio.

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